Refugiados na luta contra a Covid-19

9 de Abril de 2020
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Foto de https://coa.nl/

 

Num comunicado de 30 de Março, a Câmara de Seine-et-Marne afirmava ter mobilizado os refugiados para preencher a falta de trabalhadores agrícolas estrangeiros sazonais (que não podem, neste momento, viajar para França) necessários para a apanha de frutas e legumes, uma tarefa tão mal paga que é recusada pela generalidade dos franceses. Não se sabe se os refugiados, gente que, no dia anterior, era «imigrante ilegal», sem rosto nem nome, estão de acordo com esta «mobilização». Assim como não se sabe como (ou até se) vão ser pagos e quais os seus direitos, nomeadamente no que diz respeito à saúde, aos acidentes de trabalho, à habitação ou à reforma. Por fim, não se refere se esta participação no «esforço de guerra» resultará em legalização automática. Também na Alemanha, os refugiados passaram, de repente, a ser necessários e queridos. Na Saxónia, epicentro do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, as autoridades exigiram que os migrantes com formação médica ajudassem a combater a Covid-19.

Apesar de serem frequentemente vítimas de ataques (políticos e outros, como vimos) , há muitos refugiados que se estão a chegar à frente e a presentear-nos com exemplos de solidariedade, apoio mútuo e decência humana. Na cidade holandesa de Ter Apel, o maior centro de recepção de requerentes de asilo, alguns de entre estes decidiram voluntariar-se para desinfectar os cestos das compras em supermercados. «Ajudamos toda a gente e, se digo pessoas, quero dizer toda as pessoas», afirmou Dyar, um curdo do norte da Síria, ao site euobserver.com.

Um outro destes exemplos chega-nos de Turim. A Mosaico é uma organização dirigida por refugiados e costuma ajudar requerentes de asilo no que diz respeito às questões burocráticas e à sua integração. Mas, com a pandemia a atingir o norte de Itália de forma muito intensa, a Mosaico suspendeu as suas actividades e focou-se no combate ao coronavírus. «Apoiamos tanto refugiados como sem-abrigo», afirmou ao mesmo site Yagoub Kibeida, o director da organização, distribuindo comida a pessoas em dificuldades, independentemente da origem ou dos seus antecedentes.

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