Concentração de apoio ao Centro Social COSA junta mais de 50 pessoas em Setúbal
Mais de meia centena de pessoas esteve na tarde deste Sábado concentrada no Largo da Misericórdia no centro da cidade de Setúbal num ato público de apoio e solidariedade com a histórica Casa Okupada de Setúbal Autogestionada. A poucos meses de cumprir 17 anos de ocupação, a COSA enfrenta um processo em tribunal que tudo leva a crer que terá como desfecho uma ordem de despejo. Durante o protesto foram lidos comunicados e palavras soltas contra a ameaça de despejo, fazendo uso do microfone aberto montado no local para o efeito. Após duas horas de concentração, o protesto partiu em marcha pela ruas da cidade.
Ocupada no ano 2000 por um grupo de jovens setubalenses, que ali queriam construir um centro social autogerido e uma casa para a juventude, a COSA tem, nos últimos anos, sido o palco de debates, concertos, ateliers, oficinas e festas e foi aí que recentemente foi inaugurado o infospot “O Covil”, um espaço de partilha livre de livros e publicações. Não obstante o facto de ter sido construída por diversas pessoas de diversas afinidades políticas, o projeto sempre se assumiu comoLibertário, tendo participado, de forma organizada, em importantes batalhas da cidade de Setúbal como a luta contra a co-incineração na fábrica de cimento da Secil, o famoso projeto do então ministro do ambiente José Sócrates, ou os protestos de repúdio contra a morte de Toni, um jovem do Bairro da Bela Vista assassinado em 2002 à queima roupa por um agente da PSP. Esta última participação valeu ao espaço uma operação policial em 2003 que, sob o pretexto de uma faixa afixada no exterior do imóvel em que era denunciada a violência policial, esta foi invadida. Anos mais tarde viu ainda o seu jardim auto-construído retirado e destruído pelos serviços da Câmara Municipal de Setúbal. O processo do centro social terá mais uma etapa a 2 de Junho, dia em que está convocado um pequeno-almoço no tribunal de Setúbal pelas 9h da manhã.
Os eventos surgem num momento em que a cidade atravessa um intenso processo de transformação social e laboral motivado pelo desenvolvimento desenfreado da atividade turística e, à imagem de grandes cidades como Lisboa ou Porto, vem acompanhado de uma forte tendência de valorização imobiliária onde não faltam vertiginosos aumentos de rendas. Em 2016 foi anunciada a intenção, por parte do grupo Macau Legend do empresário David Chow, de investir cerca de 250 milhões de euros na construção de um resort de luxo junto à marina de Setúbal. Contudo, centenas de imóveis estão abandonados e a cair no centro de cidade, ao mesmo tempo que muitas habitações continuam sem condições em bairros desfavorecidos. Em resposta a este modelo de desenvolvimento e ao despejo do centro social ocupado fica o slogan gritado hoje nas ruas de Setúbal: “A COSA fica”
Temos pena .. não consigo ser solidário com quem não me convidou a entrar e me negou água.
Não ajudam em nada na luta. Não têm aqueles que são explorados pelo sistema (os trabalhadores) do vosso lado. Não têm o apoio das populações. São vocês, vocês e vocês apenas. Assim, tornam-se sectários e inúteis…
tchau ..