O estádio de futebol, gastador, totalitário e bárbaro
Houve um tempo em que o Estado não queria saber de gente jovem que andava aos pontapés à bola. Mas, assim que os pontapés se aperfeiçoaram e o jogo se transformou, com a profissionalização, em ciência, logo indústria, finalmente política, o Estado não pôde mais ignorar uma actividade indispensável ao seu prestígio.
Deste modo se entende melhor o empenho e investimento do Estado em organizar campeonatos internacionais de futebol, como fez o Estado português há anos atrás. Na organização do europeu de futebol em Portugal o Estado gastou enormes quantias de dinheiro, somente na construção de estádios. Os quais depressa se tornaram em enorme dor de cabeça para os municípios onde esses estádios foram construídos. Veja-se, por exemplo, o estádio de Leiria, convertido num sorvedouro de dinheiro que a câmara municipal não consegue sustentar. A solução mais viável é a demolição.
Afinal, o estádio é um factor social totalitário e bárbaro que entra quotidianamente em casa com a televisão. Este edifício, produto de comportamentos viris e violentos, é indissociável do desporto negócio e das suas competições. Qualquer aglomerado «moderno» que se preze deve ter no mínimo um, mas se forem dois ou três não há problema, desde que estejam dentro dos parâmetros reconhecidos pelas instituições de alienação desportiva. Mesmo que isso tenha custos enormes e que a maior parte do tempo estejam às moscas.
Os actuais protestos das populações do Brasil contra a Copa (o mundial de futebol) fazem todo o sentido.