Demolições de pombais no Alto de S. João, Lisboa
Na manhã de 9 de Março, os moradores da Quinta do Lavrado e do bairro Novo Horizonte, perto do Alto de S. João em Lisboa, foram surpreendidos por um forte aparato policial, que ocupou toda a zona e impediu a normal circulação de pessoas e a vida da comunidade local. Tratava-se de uma operação que visava a destruição de 12 pombais, na zona onde será construída uma subestação eléctrica da EDP/REN.
No negócio entre EDP/REN e a Câmara Municipal de Lisboa (CML) já se efectivou a compra do terreno por parte da REN, que é agora a proprietária do espaço. Alguns dos columbófilos teriam na mesma manhã procedido ao pagamento da renda dos pombais, à CML, que já não sendo dona do terreno, não deixou de receber o valor e passar o recibo de pagamento.
Moradores e columbófilos acusam a CML de roubo, por continuar a receber o valor das rendas, mesmo não sendo proprietária do terreno. Dizem que a CML recebeu também dinheiro da REN para a construção de novos pombais, tendo ficado com o dinheiro e que não prevenindo os columbófilos da situação.
No decorrer da manhã moradores, columbófilos e outras entidades manifestaram-se contra a destruição dos pombais. Um rapaz foi agredido à bastonada pela polícia, quando tentou alimentar os pombos. Os pombos foram impedidos de voar neste dia, assim como nos dias seguintes.
Depois de muita contestação e negociações com a REN, os moradores conseguiram garantir a alimentação diária dos animais por pessoas identificadas pela PSP e conseguiram uma semana para transportar os pombos até um armazém cedido pela REN. Esta situação não resolve as preocupações dos columbófilos, pois dizem que irá pôr em causa a organização dos pombais e a continuidade dos seus pombos em competições. Mostram-se preocupados com a actividade que fazem há anos e com todo o dinheiro que investem nela, e que, desta forma, só terão gasto e não retorno.
Moradores e columbófilos garantem que foi só o início desta luta e dizem não ficar por aqui. Nas palavras de Marta Vaz, moradora na zona, “a forma como quem detém o poder o exerce sobre aqueles por si encarados como “mais fracos”, desvalorizando os seus interesses, opiniões mas também direitos, é incrível. Será que se fosse um campo de golfe na Expo seria igual?”. Acrescenta ainda que “há que lutar pelos nossos direitos enquanto cidadãos e pessoas desta sociedade civil que actualmente sobrevive em desigualdades sociais cada vez mais acentuadas. Parabéns a quem se uniu e esteve presente a defender os direitos de todos e não permitiu que os pombais fossem demolidos sem que se criassem condições para tal”.