A Monsanto à conquista do Alqueva

18 de Junho de 2013
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No dia 25 de Maio tiveram lugar em centenas de cidades por todo o planeta, como em Lisboa, Porto, Faro, Guarda, Ponta Delgada e Faial, protestos contra a multinacional Monsanto, a líder mundial de sementes geneticamente modificadas (OGM).

A perda da biodiversidade; os riscos à saúde humana pelos transgénicos; e a imposição do monopólio económico da Monsanto à atividade agrícola por todo o mundo pelas patentes de sementes, são algumas das preocupações destes protestos.

Em Portugal a Monsanto lançou-se já na conquista do novo Alentejo agrícola, nascido com o regadio do Alqueva, o grande investimento público na região na última década e ainda em curso. A sua “academia de estudos” Dekalb, afirmou atentamente de que “o Alqueva está a proporcionar uma mudança nos campos do Alentejo”, pelo que encontra-se a desenvolver em 48 hectares junto a Serpa, um campo de ensaios de variedades de milho.

Em 2012 o cultivo de milho geneticamente modificado alcançou em Portugal 9.278,1 hectares, um aumento de 20% relativamente ao ano anterior (que por sua vez registara um crescimento de 60%). A crescente propagação deste milho transgénico (MON810), presente na sua esmagadora maioria na região do Alentejo (5.796,2 ha) nos últimos 3 anos caiu no maior dos silêncios, esmorecida a discussão levantada pelas ações diretas anti-OGM em 2007 em Silves. A consolidação de um sistema agro-industrial subjugado às grandes multinacionais (Monsanto, Pioneer, Syngenta…) que monopolizam a venda das sementes transgénicas e dos agro-tóxicos, tem sido validada pelas tutelas da agricultura portuguesa. Para a Monsanto, o Alqueva pode ser a rampa de disseminação em espaço europeu das variedades de milho transgénico, beneficiando do melhor dos cenários para as multinacionais agro-industriais, que é a grande agricultura latifundiária.

Uma das consequências mais comprovadas da Monsanto é a irreversível contaminação genética dos ecossistemas pelos OGM, sendo que a presença desse código genético implica o pagamento das suas patentes. Um mecanismo apoiado pela nova Lei das Patentes acerca dos direitos dos agricultores sobre as sementes, apresentada pelo Parlamento Europeu no início de Maio. Uma complexa e burocrática regulação, que segundo a Campanha Europeia pelas Sementes Livres irá “criar barreiras inultrapassáveis para muitas pessoas e entidades envolvidas na preservação de sementes, vai reduzir a escolha dos agricultores, horticultores e consumidores e abre caminho para um controlo absoluto sobre a circulação de sementes pela Comissão Europeia”.

 

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