«Quem ofender a minha mãe, leva um murro!» Papa Francisco
Foi em janeiro passado, na sequência dos atentados de Paris contra o Charlie Hebdo e uma mercearia judaica provocando a morte a dezassete pessoas, que o Papa Francisco prometeu responder a murro a quem ofendesse a sua mãe (solidariedade com os islamitas?).
Responder a murro às provocações não é novo. Recordo a minha infância/adolescência no bairro/cidade onde nasci e cresci, tudo se resolvia a murro. Mesmo ao domingo, dia de futebol, e, talvez, por ser domingo, acabava muitas vezes ao murro. O meu tio Júlio, grande e de mãos calosas, era apologista extemporâneo do murro. Um dia entrou no café em roupa de trabalho, sujo. Um grupo de três indivíduos, já bem bebidos, resolvem implicar com ele. – Então, é assim que se vem vestido para o café? O meu tio fingiu não ouvir, virou-lhes as costas e nada disse. Mas, precipitaram-se e um deles coloca-lhe a mão em cima para o obrigar a virar-se. Ele, sim, virou-se para começar a aviar murro. Esmurrou os três. Partiu-se a montra de vidro com o corpo de um deles e os estragos aumentaram com os corpos dos outros dois. Todavia, o proprietário do café felicitou o meu tio pelos murros desferidos. Também ele concordava em resolver as coisas a murro.
Surpreendente, ou talvez não, é o Papa Francisco não cumprir com o preceito cristão que recomenda, a quem é esbofeteado na face, oferecer ao esbofeteador a outra. Abandono estratégico? Sinal de que a nossa época caíu mais uma vez nas mãos dos partidários dos murros, dos déspotas, de que ela não é capaz de cultivar a paciência, o diálogo, o espírito de cooperação e muito menos de gerar intrépidos mártires?