Demolições em Santa Filomena

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O bairro da Amadora voltou a ser alvo de demolições e violência policial

stFilomena_25112014Na manhã de 25 de Novembro, o bairro de Santa Filomena, na Amadora, foi novamente invadido por escavadoras e vários funcionários da Câmara Municipal da Amadora (CMA), escoltados por um enorme aparato policial para proceder à demolição de habitações, sem qualquer aviso prévio. Até ao final da tarde, foram demolidas quatro casas, deixando 8 pessoas desalojadas, incluindo 3 crianças.

Uma das moradoras, de 70 anos, foi surpreendida às 8h00 da manhã quando a polícia lhe arrombou a porta de casa e foi de seguida violentamente arrastada pelos cabelos por um agente da polícia municipal. Não tinha recebido nenhum aviso por escrito e, no momento nenhum documento lhe foi apresentado. Ainda pediu que lhe dessem 24 horas para poder tirar as suas coisas de casa mas não a deixaram. O recheio da casa foi levado por funcionários da Câmara, incluindo os comprimidos que toma todos os dias. Estava naquela casa há 37 anos, pagando IMI, água, electricidade e esgotos. Todos os materiais da casa tinham sido por si comprados e só com muita insistência conseguiu impedir que alguns fossem levados pelos funcionários.

stFilomena25112014_2A sua filha, que tem duas crianças e morava ao lado, também viu a sua casa demolida. Contudo, nem toda a mobília tinha sido retirada pelos funcionários da CMA e quando a escavadora demolia o andar superior é que foi possível ver que colchões, sofás, um berço e os brinquedos dos filhos tinham ficado para trás, à medida que se misturavam com o entulho. Alguns polícias presentes não disfarçavam os risos.

Vários moradores tentaram, em vão, falar com os vários funcionários que iam passando, alegavam que estavam a cumprir ordens, que estavam só a fazer o seu trabalho, que teriam de falar com a Câmara ou com a Segurança Social. A CMA, por seu lado, recusou-se a dar qualquer informação, incluindo a um deputado municipal. O colectivo Habita, que tem acompanhado inúmeros casos de despejos e prestado apoio aos desalojados, esteve presente no local e passou a tarde na CMA, na tentativa de obter esclarecimentos, que ninguém foi capaz de prestar. Com o encerramento dos serviços às 17h e ao fim de um dia inteiro sem qualquer explicação, a única solução apresentada pela CMA foi ligar para o número de emergência da Segurança Social.

Nos últimos anos, as demolições e a violência policial não têm sido novidade em Sta. Filomena. Em 2007 o terreno onde se encontra o bairro foi comprado por um fundo imobiliário do Millenium-BCP. A implementação do Programa Especial de Realojamento (PER) tem sido a justificação apresentada para as demolições. O programa prevê a erradicação de barracas e o realojamento dos seus moradores, e embora esteja a ser aplicado atualmente, tem como base uma recensão dos moradores realizada em 1993.

Para mais informações, consultar o dossier do Habita sobre o bairro.

 

 

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